sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

"Happy Peppers: Por uma Vida Orgânica - Parte 1", por Breitner Tavares.



09 de dezembro de 2007

Happy Peppers: Por uma Vida Orgânica


Uma das coisas que mais senti falta quando cheguei aos EUA foi às feiras, o lugar da barganha, do contato interpessoal e espontâneo que as feiras no Brazil apresentam. É dia de feira... Mas onde estariam as feiras em Berkeley? Num sábado de manha resolvi de bicicleta perambular na busca desse tipo de espaço.

Na verdade, por aqui existe uma cooperativa de agro-produtores que se reúne três vezes por semana em lugares variados da cidade, inclusive aos sábados. Como vendedores ambulantes, eles chegam com seus carros expõe seus produtos em tendas padronizadas. A mais visitada para esses fins é a Farmer’s Market. Especializada em produtos orgânicos, a Farmer’s Market é um paraíso dos vegans e daqueles que desejam consumir produtos livres de agrotóxicos e aditivos químicos. O controle biológico adicionado a técnicas de permacultura tradicionais garantem o selo de qualidade o California Certified Organic Farmers (CCOF). Todos os produtos vêm de pequenas propriedades, que apesar de não seguirem a escala industrial do agro business californiano são um rentável negócio, já que os produtos são às vezes até o dobro do preço dos produtos “convencionais”. A feira que já existe há vinte anos oferece vários atrativos. Algumas barracas têm comida himalaia, tailandesa ou etíope todas na mesa rua. Músicos tocam estilos variados da folk music como o bluegrass ou country. Apesar de todos os atrativos que tentam recriar uma atmosfera bucólica e popular, tal feira oferece mais do que vegetais, ela constitui a fronteira que a marca distinção entre os “orgânicos” e “inorgânicos” consumidores. Entre uma barraca e outras as pessoas discutem o café descafeinado, o chocolate belga sem cacau ou o pimentão que custa cinco dólares um Pound só porque eles “cresceram felizes”.

A Farmer’s Market, localizada no centro comercial em Berkeley o que nos dá uma pista da evolução da cidade enquanto “lugar de mercado” de um espaço hoje gentrificado onde circulam os consumidores com suas consciências tranqüilas porque não poluem os rios ou os solos como fazem países em “desenvolvimento”. Berkeley enquanto cidade está permeada por valores de meio ambiente e sustentabilidade em sua utopia urbana. A reciclagem, a bicicleta o transporte público todos accessíveis num dos metros quadrados mais caros do mundo.

Sem me dar por satisfeito, continuei um pouco adiante até que encontrei na University av. o Brazil Café. Era um quiosque de madeira, que remetia a idéia de um “tradicional símbolo” da arquitetura brasileira: um barraco. Eu me aproximei e percebi que havia uma espécie de festa com direito a cachaça e churrasco na brasa. Tinham uns rapazes loiros exibindo seus dreads locks comprados na Shatuck av. tocando um tambor. Isto é Brazil? Uma garota espanhola dançava algo que remetia a dança flamenga ao som do tambor que tocava uma embolada de maracatu. No balcão uma foto do Pão de Açúcar com o Cristo Redentor. O verde amarelo estilo pentacampeão recobria todo lado externo do barraco. De repente me veio uma estranha pergunta: Onde estaria a Ceilândia em Berkeley? O Pão de Açúcar e a imitação de Jorge Bem, infelizmente não contemplariam minha pergunta.

2 comentários:

Anônimo disse...

Olá, camarada! Gostei da matéria sobre as feiras "livres"!

Nunca pensei que elas pudessem ser campos de liberdade subalterna!

Abraço,

Cristian

Anônimo disse...

Oi fraterno irmão. Cá nada disto.Ou deveria fazê-lo no conjunto inicial da utopia? A margem - sem crase, coisa para quem me lê desconexa de mínimas ordens de gramática portuguesa logo se nem mal aperceberá - supostamente lança ensejos às reconstruções 'paulatinas, graduais' de alguns politólogos?... inspira-me mais outra idéia, talvez larga à margem, como te posicionas, pelo que conquistate-te a ti, esmiuças e lideras em si nas marcas por deixar posto já se ter bem incrustado, sem se sabotar lances memoráveis por aquele mesmo, de resposta a um estilo especificíssimo ceilandense vis-à-vis o que se corroboraria em bErk... uxa iiiiiixi.
De se se dá alguma sociabilidade e se prosperam reações , dadas inações (algo) fecundas é de se examinar sob um prisma tanto quanto atemorizante. Assim vislumbro porque vem mais de sequelas e mais sequencias de abandono, em se ter dado nem inícios a quantos indivíduos - ainda não pessoas - das quais se mal contemplam uma vez que fulcros de meditação sequer os locuplete em quaisquer integralidade. HAverá?
Espaços tão míscuos aguardam seja pré como pós sufixos; quem tem mãos e mentes posicione para posturas de instantes harmonias.

Assim, vislumbro muito mais mal de que se se tornou o campus, ou várias partes de campi cá e acolá nada procedentes a elaborações fertilizadoras - com trocadilho - de causas sãs, eis que nos devemos cuidar. Na alegria. Abração
SE tal é ser brasileiro? Muito intimamente...